Serviço Voluntário Adventista

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Egito

Deus de detalhes

“Quando estiver sentada no avião, ali você se perguntará: o que estou fazendo?” “Você sentirá falta de abraços, por causa da cultura lá.” “Por que partir, quando você pode aplicar seus conhecimentos aqui?”. Esses foram alguns dos comentários que ouvi de algumas pessoas que tinham as melhores intenções en­quanto eu compartilhava que meu sonho havia se tornando realidade e de minha breve viagem a 12.023 quilômetros de casa, para servir em um trabalho para o qual eu não havia me formado profissionalmente.

Comecei a imaginar as possíveis situações que enfrentaria e, ao mesmo tem­po, me preparava e orava, pedindo detalhes que me ajudassem a lidar com a mudança; Por precaução, eu me enchia de abraços de meus familiares e amigos próximos sem­pre que podia, coloquei a roupa mais leve e conservadora para o clima caloroso que “devia” fazer em um país desértico, e pedi a Deus, pensando em meu amor por árvores: “Por favor Pai, conceda-me nem que seja uma plantinha verde em meio ao deserto e ficarei muito feliz”. Até então Ele havia sido fiel, havia me acompanhado e consolado em cinco tentativas frustradas de ser missionária e, de maneira milagrosa e instantânea, Ele respondeu à minha oração, mostrando-me o lugar e o chamado para servir, quando me rendi completamente a Seus planos.

Com a segurança de Sua benção e orientação, entreguei minha família em Suas mãos e fiquei aproximadamente 19 horas em voo e 11 horas de escala, cansada, porém mara­vilhada, contemplando como as diferenças culturais aumentavam a cada parada. Em todo o trajeto e em meu campo de trabalho, senti Deus de diferentes formas e em pessoas que me mostraram sua generosidade e proteção.

Como na primeira madrugada em que cheguei ao Egito, quando comecei a quebrar os paradigmas que tinha sobre o lugar, no caminho do aeroporto à igreja, pude notar com surpresa que quase todas as ruas da cidade tinham áreas verdes e muitas árvores, mas o meu Senhor havia guardado um presente especial onde eu moraria. Em vez de uma plantinha, Ele me deu um amplo jardim verde com árvores frutíferas, onde se destacavam, para minha surpre­sa e alegria, uma linda árvore Bouganville fúcsia, da mesma cor que as que tinha no jardim de casa, em minha cidade natal. E não contente com isso, no primeiro sábado, ouvi Sua voz firme e forte, quando se levantaram três pessoas para a pregação. Era normal que houvesse apenas dois para a tradução entre árabe e inglês, mas naquela ocasião o pregador convidado pregou em espanhol, meu idioma nativo, e o melhor de tudo: foi uma mensagem profética centrada na missão, um fato sem precedentes em minha nova igreja.

Meu campo de serviço, desde então, tem se desenvolvido entre pequenos corações, crian­ças de 3 a 6 anos de idade e seus familiares, entre eles mulçumanos e católicos ortodoxos, com diferentes nomes, rostos e cores pele. Porém, quando se trata de expressar carinho, não há diferenças nem barreira linguística, o amor é um idioma global. E os abraços não apenas superabundaram entre meus pequenos estudantes, mas também com minhas queridas irmãs nas cidades e nas vilas que visitei; em cada lugar recebia uma grande recepção, as pessoas esbanjam hospitalidade e, desde o início, me fizeram sentir em casa. Com alegria, vejo como minha família está crescendo.

Tenho percebido que Deus sabe o que vai em meu coração e me acom­panha de perto. Ele me revelou Seu amor em pequenos milagres, que muitas vezes deixamos passar, porque não paramos para olhar. Um dia, nasceu em meu coração o desejo de dedicar um espaço em meu quarto para o “culto”, um lugar que, por tradição familiar, separamos para o Senhor, onde nos encontramos.

Meu quarto não é grande, mas justamente próximo a janela havia um espaço de um metro quadrado exato. Então, orei: “Senhor, por favor, dê­-me um móvel para colocar minha Bíblia e os materiais cristãos que tenho. Amém”. E me dirigi às salas da igreja, para consultar se teriam algum móvel que já não usavam. Subi as escadas e, ao entrar, bem ao lado da porta ha­via um móvel pequeno, com livros e enfeites. “Perfeito!”, exclamei em minha mente e me apressei para perguntar à secretária se estaria disponível, pois estavam fazendo mudanças.

Depois de algumas consultas, ela disse que eu poderia levar. Real­mente, a alegria não cabia em meu peito e, não apenas isso, encontrei livros missionários e de estilo de vida saudável, um quadro que estava pensando em comprar, uma mesa que precisava para trabalhar e um pergaminho com o mapa da União que dizia em português e espanhol: “Em gratidão à Divisão Sul-Americana, seu apoio está fazendo a diferença na vida de muitos”. Todos os detalhes necessários para minha necessidade.

Por Sua graça, não muito tempo depois, ainda com meu inglês a caminho de melhoria, participei como oradora nos trei­namentos de um dos dois únicos Clubes de Desbravadores existentes em todo o país, assim como em oficinas sobre alimentação saudável, exercendo minha paixão pela saúde pública. Por onde vou, encontro um grande potencial de liderança, de irmãos e irmãs locais que dedicam sua vida ao serviço do Senhor e que têm testemunhos que fariam os mais consagrados tremer. Eles fazem parte de ministérios em crescimento e buscam compartilhar a mensagem de esperança. Por Sua graça, vi vidas sendo entregues por meio do batismo, tocadas pelo trabalho evangelistico e até por meio de sonhos, tudo por inspiração de Seu Santo Espírito, que é o Único que convence e converte.

Alguns meses depois, a vida em geral avançava agitada, com a justificativa mais comum: “não tenho tempo suficiente”, que se rompeu abruptamente desde o início deste ano, com os inesperados indicadores da COVID-19. Os países fecha­ram suas fronteiras, os centros de recreação e lugares de grande concentração de pessoas foram restritos, e meu centro de trabalho não foi exceção. Porém, em cada dificul­dade, o Senhor traz uma oportunidade. Começamos a criar conteúdo virtual para nossas crianças no formato que desenvolvíamos de costume em sala de aula, onde havíamos co­meçado, não fazia muito tempo, com o momento de oração intitulado“Pray Time”, momento em que orávamos juntos por um aluno e sua família. Até aquele momento, essa atividade havia se limitado aos nossos estudantes. Mas agora chegava por meio de áudios e vídeos para suas famílias. Em cada aula, a resposta foi de gratidão por parte dos pais. Apesar de não podermos mencionar o nome de Jesus, esperamos que a conversa das crianças com Deus seja íntima e, quem sabe, alcance suas famílias.

Os pequenos detalhes são os que fazem a diferença: cada gota no mar, a areia no deserto, cada célula que Deus criou faz um ser vivo, Seu poder abrange tudo. Essa experi­ência está me ajudando a me conhecer aos olhos do Senhor e a reconhecer quão grande é minha necessidade de depender a cada momento Dele, como poderoso Deus criador e cheio de amor. Vejo as grandes coisas que Ele fez e está fazendo por mim em meu campo de serviço, e o melhor é que ainda não acabou.

“Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo!

Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho

e riachos no ermo.” Isaías 43:19

Suely Guio, União Peruana do Norte

Comentários

  • Néstor
    agosto 17, 2022 no 10:59 pm

    Muy orgullo de mi hermana, por que siempre da lo mejor de si para el servicio de Dios. como te dije mana. Felicitaciones por tu trabajo que sigue cada día y de seguro con nuevas oportunidades que Dios te seguirá dando, no dudes que elegiste el mejor camino, el camino de trabajar para Dios. Dios siempre te cuide y proteja

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